No Brasil, um em quatro domicílios divide internet com vizinhos

A conectividade internet no Brasil mantém o padrão de disparidade que afeta o país como um todo. A nova edição da pesquisa TIC Domicílios, do NIC.br, mostra que assim como se avança na universalização do acesso, uma parcela significativa do país precisa dividir a senha do wi-fi – e a fatura mensal – para ter banda larga. 

Nas contas da pesquisa, 84% dos lares do país estão conectados, a maioria por cabos de fibras óticas, com velocidades de, pelo menos 50 Mbps. Nas classes A, B e C, o índice passa de 90%, e é de 67% na classe DE. 

Houve um crescimento expressivo de acesso à internet pelas mulheres (de 80% para 86%) e mesmo entre os menos conectados, aqueles com mais de 60 anos, que eram somente 33%, em 2019, e são 51% em 2023. 

Por outro lado, 16% das residências compartilham a mesma conexão, mas esse percentual chega a 27% das casas em áreas rurais, 25% entre os mais pobres e 24% dos lares do nordeste. 

“A maior proporção de domicílios que fazem o compartilhamento da conexão com os domicílios vizinhos está justamente nos estratos em que já são observadas outras barreiras à conectividade, ou seja, nas áreas rurais, no Norte e Nordeste do país e entre as classes mais baixas”, diz o coordenador da pesquisa TIC Domicílios, Fabio Storino. “São indícios de barreiras técnicas à última milha, localidades menos adensadas; e barreiras econômicas, o custo da conexão para a baixa renda que gera a necessidade de compartilhar esse custo”, completa. 

É no que se convencionou chamar de ‘conectividade significativa’, porém, que as desigualdades são maiores. Mesmo em atividades usuais como instalar um antivírus ou fazer cópia de um arquivo, aqueles que usufruem da internet pelo computador têm três vezes mais facilidades em usar mais recursos digitais. 

“No indicador de habilidades digitais, a comparação entre quem usou computador e celular e quem só usa internet pelo celular. Quem usa internet a partir de múltiplos dispositivos não só realiza mais atividades como também há evidencias de que esse uso múltiplo contribui para diversas habilidades”, ressalta Storino. 

Hermann Santos de Almirante

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