Brasileiros desconfiam dos vieses e rejeitam erros da Inteligência Artificial

Os brasileiros têm maior intolerância a erros ou injustiças provocadas pela inteligência artificial, enquanto dão mais créditos a profissionais humanos pelos sucessos obtidos. Esses são alguns dos resultados da pesquisa “Como percebemos e julgamos a IA”, realizada pelo Instituto Locomotiva. A pesquisa foi realizada com 1.700 participantes com idades entre 18 e 77 anos. Foram considerados os seguintes cenários hipotéticos levando em conta o uso de inteligência artificial e de um humano para a realização do experimento: ação policial, aumento salarial, seleção profissional e distribuição de recursos financeiros em um município.

“Seria precipitado dizer que esses vieses são intrinsecamente negativos ou positivos. Eles provavelmente refletem um histórico de más experiências com a tecnologia, que tanto pode ceifar a abertura ao novo, quanto servir de anteparo a riscos que sequer antevemos. De uma forma ou de outra, fato é que o brasileiro anda desconfiado”, explica Álvaro Machado Dias, sócio do Instituto Locomotiva, neurocientista e futurista.

O estudo ainda aponta que os brasileiros atribuem à IA maior responsabilização pela ocorrência de resultados injustos em processos seletivos. Os participantes da pesquisa também atribuem maior intencionalidade e imoralidade no aumento salarial proporcionalmente menor para mulheres. Assim, mulheres responsabilizam mais a IA do que homens no cenário envolvendo vieses salariais, já os homens tendem a amenizar o erro, tratando-o como “não intencional”. “As mulheres, historicamente, vêm se dando mal nessa área, vide o que o mercado inteiro fala sobre uso de IAs pouco sofisticadas para filtrar currículos e produzindo mais recomendações masculinas do que femininas”, explica Álvaro.

Ainda levando em conta o tópico “processos seletivos e a possibilidade de um aumento salarial”, os participantes avaliam um ser humano positivamente por enxergarem um tratamento mais justo. Os dados também apontam que pessoas que se consideram extremamente ricas são as únicas que penalizam igualmente a IA e o ser humano pelos fracassos. Elas também são mais intolerantes aos erros humanos.

Hermann Santos de Almirante

Recent Posts

Inteligência Artificial agiliza 4 milhões de processos na Procuradoria Geral de São Paulo

A Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP) já colhe frutos da migração para…

2 dias ago

Justiça do Trabalho aciona PF e ANPD por acesso massivo e não autorizado em 21 tribunais

O Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) informou a ocorrência de um incidente de…

1 semana ago

A Ilusão Digital: Deepfakes e a Nova Fronteira da Fraude Corporativa

A linha que separa o real do artificial está se tornando perigosamente tênue. Se antes…

2 semanas ago

ANPD vira agência e ganhará 200 cargos de especialista em regulação de proteção de dados

No último dia 17 de setembro, foi assinado um pacote legislativo que redefine o papel…

3 semanas ago

Europa e Brasil avançam rumo à equivalência entre LGPD e GDPR

A Comissão Europeia, em 5 de setembro de 2025, iniciou formalmente o processo para reconhecer…

1 mês ago

Privacidade e IA na Terceira Idade: Um Guia de Proteção Contra Golpes Digitais

A internet abriu um universo de possibilidades para todas as gerações. Para a população idosa,…

2 meses ago